Numma




No sopé das montanhas geladas que formam a Mandíbula existe um bosque antigo como Ferius. O silêncio habita aquele lugar. Ali entram apenas aqueles que tem o caminho permitido por Numma. O bosque leva o nome de um velho mago que ali vive e trabalha com cura desde tempos antigos. Ele se refugiou ali após as primeiras batalhas no sul e desde então não se mete em assuntos dos reinos. Vive e estuda afastado e alheio aos conflitos que ocorrem em Ferius. Seu prestígio consta entre os reis de todo o sul e também entre os elfos é respeitado, mas já faz muito tempo desde a última aparição de Numma. Quem vai até o bosque pode encontrar somente gelo e árvores e jamais encontrar a casa onde ele vive, e apenas o próprio pode conceder a honra a um visitante de adentrar em seus domínios. Uma forte magia permeia o bosque e as brumas podem ser hostis em caso de desrespeito às leis do bosque e à paciência do velho mago. 

O retorno do Mal do Sul



"Passavam-se longos anos e não se ouvira falar em guerras ou grandes problemas na ilha, talvez é claro com excessão de uma briga de socos na taverna de Minuil, ou uma discussão acalorada entre famílias sobre qual cultivava a melhor erva de fumo. Mas nada que pudesse afetar a vida em Lantorres, As histórias de invasões, saques, e outros contos fantasmagóricos agora eram um passado inerte nas sombras do folclore, quase feito em mentira e fábula, estas eram as únicas memórias de um tempo em que os avós do povo Sulmarino, hoje todos mortos, lutaram pela vida e permanência de seu povo, contra inimigos sem nome vindos do norte em busca de domínios para uma guerra além dos interesses do sul, As marés bravas haviam passado e os pescadores e mercadores partiam quando se abateu a primeira onda. Barcos foram carregados, e marinheiros, pensando se tratar da fúria de Balenna, ofereciam em oferenda suas filhas que se aforassem ao mar, mas após as primeiras ondas, que começavam já a arrasar as aldeias próximas, foram vistos os sinais, e a primeira criatura foi vista saindo da água, e alçando vôo aos céus de Lamora."

- Última página do diário de Naga, feiticeira nômade de Alegon

Amizade rompida - O dia da queda de Anärion.

Sentado em uma grande pedra que dava vista para o mar estava Ecthelion ele conversava alegremente com um orc que estava em pé ao seu lado. Ambos falavam sobre aventuras passadas e pareciam se divertir. Subitamente o orc mudou o tom da conversa.

– É uma ilha fascinante. – O orc começou a dizer. – Mas não foi por isso que eu vim.  A notícia que trago ameaça a beleza deste lugar.

O semblante do orc ficou sério. Ghontar havia crescido nas ilhas da guerra. Mas saíra de lá antes mesmo de participar de uma das batalhas que não raramente ocorrem naquele lugar. Talvez por isso não nutrisse sentimentos ruins contra elfos, humanos ou anões, que invadiram as ilhas que antes eram de domínio exclusivo dos orcs e para lá levaram a guerra e destruição para o povo orc.

– O que vem nos informar amigo? – Perguntou Ecthelion.

– Os descendentes dos orcs, que há muito habitaram esta bela ilha, antes mesmo do primeiro elfo a reivindicar pela força, preparam um ataque. – Respondeu Ghontar.

– E quem os comanda?

– Três elfos do seu povo. Pelo que ouvi foram expulsos daqui por terem navegado até a Ilha Proibida.

Ecthelion perdeu o sorriso em sua face. Neste momento um terceiro elfo surgiu. Ele estava ricamente trajado e levava em sua cabeça uma bela coroa feita de prata e com esmeraldas no formato de folhas como ornamentos. Era o rei dos elfos de Anärion e sorria para o orc. Quando o orc lhe alertou o que acabara de contar a Ecthelion o rei ficou sério.

– Não posso acreditar no que ouço, mandei aqueles elfos para a morte. Como podem agora retornar com um exército para me confrontar em meu reino.

– Pois de algum modo sobreviveram. – Disse Ghontar. –E chegaram até a Ilha Proibida onde encontraram os filhos dos orcs expulsos de Anärion.

– Mas isto foi a séculos.

– Eu sei senhor, mas antigos ódios não são facilmente esquecidos. Os orcs querem o que lhes pertenceu. E são muitos.

– Compreendo. Agradeço sua mensagem Ghontar.

– Se me permite um conselho senhor, – disse o orc – não ofereça resistência. Ouça o conselho do Mago Verde e abandone essas terras, os homens do sul os acolherão até que possam rumar ao norte e retornar ao seu povo. São muitos os que virão para lutar, eu pude ver com meus próprios olhos.

– És um bom amigo Ghontar, mas jamais abandonarei meu lar. Sei que os inimigos são do seu povo, mas qualquer um que se erga contra o reino de Anärion sentirá a fúria de nossas espadas.

– Senhor eu tentei de tudo para que essa guerra não ocorresse, mas os orcs querem o que lhes foi tomado. O que estou fazendo é alertar, sabes que estarei do outro lado da batalha e não quero cruzar espadas com amigos.

Os olhos do rei ficaram em fúria.

– Já trouxe sua notícia, não haverá rendição. Lutaremos e se não pode controlar os ímpetos de seus semelhantes você deve partir. Não serei eu um elfo tão baixo a ponto de ferir um amigo, mas no momento em que sair de Anärion será considerado inimigo.

Ghontar abaixou os olhos, estava triste. Fez uma reverência ao rei dos elfos e partiu. Ecthelion o seguiu até seu navio.

– Eu não direi a você que tentarei mudar os pensamentos de meu rei. Como comandado devo ficar e lutar pela glória de Anärion.

– Não há glória na morte Ecthelion. Eu jamais quis estar em lado distinto do seu numa batalha, mas sabíamos que este momento chegaria. Espero que Finihenn, o Mago Verde, possa convencer o senhor dos elfos. Se isso não ocorrer prefiro não lhe encontrar no campo de batalha. Adeus meu bom amigo.

Elfo e orc deram um longo abraço. E então se separaram. Um navegava de volta a Ilha Proibida o outro ficava em terra esperando o dia em que seu antigo companheiro voltaria, mas dessa vez junto a um exército de inimigos.

Ghontar retornou a Ilha Proibida e quando lá chegou os orcs já se preparavam para o ataque, um gigantesco exército de orcs embarcava em muitos navios que estavam atracados ali perto. O orc parecia triste, ele estava no comando de um destacamento de dois mil orcs, seus capitães se aproximaram e lhe perguntaram se deviam partir, Ghontar pediu que aguardassem todos embarcarem, eles fariam a retaguarda da frota naval. Os orcs finalmente partiram com inúmeros navios repletos de guerreiros na direção da ilha de Anärion. Por toda viagem Ghontar parecia não se esforçar para chegar, mas era inevitável e mesmo com atraso ele finalmente avistou o destino.

Era noite e podia-se ver fogo no horizonte vindo da ilha. Vários navios se aproximavam cada vez mais das ilhas, corpos começavam a bater nos cascos do navio onde Ghontar estava e ele assistia aquela cena com tristeza. Quando o barco de Ghontar se aproximou ele viu os portos de Anärion em chamas. Toda a beleza da ilha agora estava reduzida a cinzas. Ao desembarcar percebeu que a ilha já havia sido tomada, um de seus capitães veio ter com ele.

– Senhor por que não desembarcamos antes, a batalha acabou. – Disse o capitão.

"Essa não era minha batalha". Pensou Ghontar, mas guardou isso pra si. Somente fez um gesto e deixou o capitão falando sozinho. Foi então que o viu Ecthelion. O elfo estava numa embarcação pequena, junto dele havia outros elfos, elfas, crianças e velhos, tentavam fugir da ilha. Seu capitão vira a mesma coisa e já começava a dar ordens de ataque quando Ghontar o mandou silenciar.

– Deixe-os partir. – Disse Ghontar.

– Mas senhor...

– Quieto, não haverá sangue em minhas mãos. A ilha já foi tomada, temos nosso prêmio. Obedeça minha ordem. Agora vá, tenho algo a fazer.

O capitão ficou contrariado, porém não ousou desafiar seu comandante. Ghontar caminhava no meio da destruição, havia corpos de elfos jovens, imaturos ainda para o combate, elfas que morreram na tentativa de fugir com seus filhos, muitos guerreiros elfos e também orcs. Aquela cena lhe causava repulsa, lembrou-se das ilhas da guerra e de tudo que lá sofrera. Mas não viera até a ilha para isso, sua missão estava além. Pegou um cavalo que estava perdido no meio da batalha e cavalgou floresta adentro, rumava para o centro da ilha.

Foram algumas horas até que o cavalo exausto o deixou nos pés da grande árvore que servia de palácio ao rei dos elfos. Ghontar contemplou com olhos tristes aquela magnífica obra natural e élfica. Começou então a subir os degraus habilmente talhados na copa da árvore, subia devagar. Muitos orcs estavam saqueando o palácio e não adiantaria detê-los, era o prêmio pelos anos de exílio. Mesmo assim isso deixava Ghontar irritado, tantas vezes viera ao grande palácio como convidado e o ver assim deixava-o inquieto. Subiu em silêncio, no caminho pensava em Ecthelion e no último olhar que trocaram. Podia sentir o ódio no olhar que seu antigo amigo elfo lhe deu. Lágrimas vieram em seus olhos, conseguiu as conter.

Chegou então à plataforma real, mais orcs saqueavam o local, ele passou por todos sem dizer uma palavra. Já podia ver seu objetivo. Estava ali bem a sua frente, as vestes estavam rasgadas, seu corpo estava espetado por inúmeras flechas. Havia um profundo corte em seu peito. Ghontar agachou-se, arrancou as setas e ergueu em seus braços o corpo do último rei de Anärion. Fazia agora o caminho de volta quando notou que um dos saqueadores usava a coroa do rei. Ghontar parou e ordenou ao orc que a devolvesse, viu também pendurada na bainha do orc a espada do rei dos elfos. Quando o orc ouviu a ordem de devolver a coroa começou a rir e disse:

– Estás apaixonado pelo elfo? Por acaso irás foder com o cadáv...

Nunca chegou a terminar de dizer as palavras. As mãos grossas de Ghontar envolviam sua garganta e apertavam com tal violência que sangue escorria por seus dedos. Quando finalmente o orc parou de se contorcer, Ghontar o jogou de lado. Tomou-lhe a coroa e a espada, novamente ergueu o corpo do rei e partiu. Os outros saqueadores o olhavam, mas nenhum ousou dizer algo.

Quando deixou a árvore, o orc procurou outro cavalo, cavalgou levando consigo o corpo do rei. Quando finalmente parou o sol já se encontrava no centro do céu. Parou em uma colina muito verde, ali não havia sinais de batalha. Cavou por hora, quando terminou suas mãos estavam feridas, o sangue se misturou ao barro e formou uma crosta. Despiu o corpo do rei e o banhou num riacho ali perto, vestiu-lhe a armadura novamente, ou o que sobrou dela. Não era a forma mais digna para o fim de um rei, mas era melhor do que ficar exposto aos abutres e saqueadores. Recolocou a bela coroa em sua cabeça e o deitou no buraco que acabara de cavar. Finalmente as lágrimas não puderam mais ser contidas. Cobriu o corpo com terra. Somente quando terminou é que percebeu que se esquecera da espada.

A ilha Anärion

Quando os homens criaram os Reinos do Sul as ilhas ao oeste do novo reinado eram habitadas, havia Líniven com um povo peculiar e Aluan, uma pequena ilha povoada por gnomos. As outras ilhas depois abrigariam Farol Corsário. Mas as ilhas ao leste eram pouco conhecidas e não foram exploradas. A maior delas ficava perto de Porto Verde e viria a ser chamada de Anärion.

Apesar de acreditar-se na época que a ilha era desabitada, havia orcs nessas ilhas. Eles chegaram antes mesmo dos homens dominarem o sul e vieram fugindo das guerras em Khanis. Os orcs já conheciam bem o território mas mantinham-se em sigilo nas ilhas por terem medo que os outros povos pudessem iniciar outra guerra ali. Mas mesmo passando desapercebidos para os humanos não puderam se esconder de uma expedição de elfos que partiram de Lehfluin com o intuito de conquistar um novo território e fundar um novo reino. Erindil Anärion comandava essa expedição e quando avistou a ilha soube que ali deveria ser o seu reino, um reino majestoso que contemplaria todo o orgulho do povo élfico. Mas antes ele teve que batalhar com os orcs que já estavam ali e assim foi feito, em pouco tempo a ilha era dos elfos e os orcs sobreviventes fugiram em barcos rústicos pelo mar.

Erindil batizou o nome reino como Fluoren Anärion e logo tratou de estabelecer laços com os humanos do Sul e abrir rotas comerciais. Por séculos o novo reino dos elfos prosperou e sempre o rei deixava ao seu herdeiro as terras que um dia Erindil dominou. Mas assim como o reino iniciou em guerra acabou da mesma maneira. A batalha que decretou o fim de Anärion foi breve. Os orcs que foram expulsos da ilha se abrigaram numa ilha próxima e alimentaram o ódio por anos passando sempre aos seus descendentes e quando o último rei dos elfos de Anärion exilou uma família de seu povo que visitou esta ilha os elfos exilados incitaram os orcs para a guerra. Num fim de tarde centenas de barcos dos orcs aportaram em Anärion e antes que a noite terminasse a ilha já havia sido dominada. Poucos foram os elfos que sobreviveram e estes foram acolhidos pelos homens dos Reinos do Sul.

Pensou-se que os orcs cessariam os ataques, mas as antigas marcas ainda não haviam cicatrizados e muitos orcs ainda não estavam saciados. Por anos eles ainda atormentaram os elfos que se refugiaram no sul. Até que um dia o ataque dos orcs foi mais além. Eles tomaram Porto Verde e partiram para o ataque contra Telrúnia onde os elfos agora moravam. Mas muitos orcs não estavam interessados em guerra e permaneceram na ilha. Ghontar, um orc conhecido por ter feito parte de um famoso grupo chamado "As Cinco Lâminas", permaneceu em Anärion. Ele era respeitado por seu povo e assumiu o comando da ilha. Ordenou que todos permanecessem em seus postos e decidiu que aqueles que partiram para a batalha deveriam ser punidos. E assim ele o fez. Quando o rei do sul Benigno chegou em Porto Verde com seu exército para retomar a cidade Ghontar já havia o feito. Entregou a justiça dos homens os orcs que invadiram a cidade e selou um tratado de paz com os homens do sul onde um dos termos era reconhecer que Anärion agora pertencia aos orcs.

Alainn, a última rainha dos elfos de Anärion, também assinou esse tratado. Agora a ilha finalmente pertencia aos seus primeiros donos. Havia paz finalmente na ilha e Ghontar governava. Os orcs reconstruíram o reino e convivem em paz com os Reinos do Sul. Mas muitos dos elfos não gostaram da atitude de Alainn e prometem uma vingança. Belchior Anärion que era herdeiro do reino também jurou reconquistar o que era seu. Mas Ghontar agora garante que os orcs não serão novamente acossados de um lugar que lhes é de direito.

Telrúnia - A cidade da Floresta


Quando se deu a queda do Reino de Anärion os elfos que sobreviveram se refugiaram nos Reinos do Sul. A rainha dos elfos Alainn pediu uma audiência com o rei do sul Benigno e este concedeu aos elfos os domínios da floresta central do reino desde que estes aceitassem as leis dos homens. A rainha aceitou e os elfos foram nomeados protetores da floresta. E assim surgiu Telrúnia, a Cidade da Floresta, os elfos ali puderam conviver em paz por um tempo e reorganizar sua sociedade com aqueles que sobreviveram, agora o contato com os homens era maior e estes respeitavam a floresta e os seus novos protetores.

A cidade foi erguida as margens do rio Flurinnë. Uma antiga árvore que havia no local foi escolhida para se transformar no pilar da cidade. A magia dos elfos fez com que a árvore crescesse ainda mais e nela construíram seu palácio, ao redor deste casas e edificações foram feitas e aos poucos a cidade crescia e se tornava bela. Vilas menores se espalharam pela floresta abrigando homens e elfos e Telrúnia se tornou um vislumbre da majestade que a capital do reino de Anärion possuía. A paz reinava na floresta e os elfos puderam ter um breve período de paz. As relações com os humanos agora eram mais próximas e os homens ajudavam os elfos na defesa do local enquanto os guerreiros elfos curavam suas feridas da recente guerra. O tempo passou e um pouco da antiga nobreza dos elfos de Anärion voltou a surgir na floresta, mas durou pouco e os elfos viram novamente seu lar ser consumido pelas chamas.

Os orcs haviam tomado Porto Verde e vieram numa investida que em pouco tempo acossou os elfos de Telrúnia, inúmeras vilas da floresta também sucumbiram, os elfos fugiram até o última vila antes do fim dos domínios da floresta, Vilazul. Ali prepararam melhor a fuga e migraram para Cidade do Porto procurando abrigo. VIlazul também foi tomada e toda floresta passou ao domínio dos orcs. Mas o sul pertence aos homens e estes enviaram exércitos para combater o inimigo. O rei marchou até Porto Verde e enviou os elfos sobreviventes junto a uma força humana para recuperar a floresta. A batalha que se seguiu foi sangrenta, da força que o rei mandou poucos sobreviverão e se Baken, comandante do exército de Porto Vermelho não tivesse enviado ajuda a Telrúnia talvez a cidade não houvesse sido retomada. Mas no fim prevaleceu a força dos homens e Telrúnia foi reconstruída pelos poucos elfos que sobreviveram.

A Rainha Alainn
O próprio Belchior Anärion, herdeiro legítimo de Anärion, participou da retomada de Telrúnia, porém sua mãe assinou um tratado de paz com Ghontar, novo comandante dos orcs, cedendo a eles os domínios de Anärion e dando fim a uma batalha que durou séculos. Belchior não gostou da atitude da rainha Alainn e abandonou Telrúnia. Muitos elfos que ainda mantinham o antigo orgulho fizeram o mesmo. Telrúnia agora é habitada pelos últimos elfos de Anärion e por homens, as vilas da floresta pouco a pouco estão sendo reconstruídas. Alainn rege a cidade. As guerras acabaram, mas agora são outros males que assombram a floresta e alguns dizem que tudo o que aconteceu é somente o prenúncio de uma terrível profecia que começou a se cumprir.

O Caldeirão do Alquimista

Na cidade de Lança do mar existe um estabelecimento peculiar chamado O Caldeirão do Alquimista. O lugar é uma loja abafada e repleta de potes e garrafas de todos os tamanhos e tipos, contendo estranhas e exóticas substâncias, cada qual, segundo Hückel, com suas propriedades mágicas.

Hückel é o dono do lugar e está sempre nos fundos trabalhando em suas soluções. É gordo e alto, e possui uma barba ruiva que circunda seu rosto redondo apenas, mas não se engane com a aparência bonachona, geralmente está atarefado com seus experimentos e já foi um dos maiores exploradores do sul na época que ainda viajava atrás de plantas e outros ingredientes para suas poções. É um homem de extrema inteligência. Seus conhecimentos o levaram a fama, seu estabelecimento logo se tornou conhecido por todo o sul, não pela variedade de infusões, óleos, unguentos e poções que ali se encontram, mas sim pela raridade dos itens ali encontrados, muitas das poções são desenvolvidas somente por Hückel. 

Quem nos recebe é Tina, uma moça de quem Hückel salvou a vida em uma de suas viagens. Como agradecimento a garota por muito tempo serviu sem nada pedir em troca, mas o tempo desenvolveu um sentimento paternal no alquimista. Ele ensinou Tina muitas de suas artes e ela agora cuida do homem que já começa a ficar velho além de o ajudar com a criação das poções e administrar o negócio. Tina é uma bela moça que desperta paixões em muitos dos clientes.

Anualmente Hückel realiza por uma semana uma pequena feira onde alquimistas dos reinos se encontram para trocar conhecimentos e também para recrutar novos aprendizes. É também uma excelente oportunidade para aventureiros que pretendem arrumar um trabalho, já que muitos são contratados para encontrar componentes raros que são necessários em muitas das fórmulas alquímicas. 

Pétrin - A cidade Mercantil

Quando um grupo de comerciantes viajava para o norte pelo passo leste das cordilheiras de ferro foram surpreendidos por uma comitiva de anões que descia para negociar no sul. Os viajantes fizeram acampamento próximos a um lago e por horas conversaram. Dentre os assuntos veio â tona construir uma cidade naquele local, uma cidade mercante onde eles seriam os senhores.

O território não pertencia a nenhum reino e assim tudo foi mais fácil, logo surgiu uma pequena vila que em pouco tempo cresceu muito e foi batizada de Pétrin. Alguns orcs habitavam as montanhas da proximidade, era um grupo pequeno mas possuíam um vasto conhecimento dos minérios que poderiam ser extraídos na região e portanto foram bem aceitos na cidade como fornecedores de matéria prima para forja. As embarcações que chegavam por mar podiam aportar na cidade subindo o Rio dos Quatro Amigos, um largo rio que ligava o lago as margens da cidade até o mar, outro rio menor que vinha das montanhas servia para trazer os metais e jóias das minas dos orcs.
Com o lema "Não há o que você procure que não se ache em Pétrin", a cidade mercantil prosperava e os quatro povos conviviam bem. A organização da cidade era impecável e causava admiração a todos que passavam por ali. A localização estratégica favoreceu ainda mais o investimento no comércio, já que o passo oeste das cordilheiras haviam se tornado perigosos e deixado de lado, assim o passo leste passou a ser amplamente usado por aqueles que viajavam por terra. A cidade conta com uma milícia fortemente armada e treinada, e leis severas quanto a qualquer tipo de combate, são poucos os aventureiros que se arriscam a arrumar confusões por ali.

Comerciantes em Pétrin
Elfos e Humanos praticamente compram e vendem os mesmos produtos, com a diferença em que os humanos compram mais armas e armaduras e vendem produtos alimentícios, enquanto os elfos têm mais interesse em jóias e vendem vinhos e cervejas e alguns produtos com magia. Anões vendem todos os tipos de produtos bélico para homens, elfos e orcs, e comercializam com todos, os anões foram os principais responsáveis pela entrada de orcs na cidade já que humanos e elfos guardavam mágoas desse povo. Orcs são os principais fornecedores de matéria-prima para os anões, têm muito interesse na maioria dos produtos élficos e contribuíram massivamente para a milícia da cidade, tanto com dinheiro quanto com guerreiros.

A cidade é considerada pelos que a visitam como a mais bela de todos os reinos, isso devido a habilidade dos anões em construção somada a sutileza dos elfos com a natureza, prédios se misturam com a floresta sem que afetem sua beleza. Sua administração não deixa nada a desejar, com ruas limpas, terrenos bem distribuídos e alta segurança. Quem adentra pelo Rio dos Quatro Amigos, se depara com uma imensa escultura de quatro amigos sentados a mesa desfrutando de um banquete onde cada uma das estátuas representa uma das raças que habita Pétrin, e quem chega pela estrada da floresta, ao chegar avista um grande portal com os dizeres nas quatro línguas "Bem vindo ao Jardins dos Deuses"

Por Gabriel "Ló" Arantes.

Os Gnomos


Os pequenos "Habitantes da Terra" como são conhecidos estão localizados na remota ilha de Aluan, onde vivem em sua exótica e distinta sociedade. Alienígena para os humanos, e incógnita para a maior parte das raças, a maior parte dos Gnomos nasce com uma forte ligação com a família, um senso comunitário incrível e uma generosidade latente. Outras raças já sabem que a grande maioria dos gnomos é tida como "boa". Esta característica racial tão diferente acabou por gerar uma sociedade estranha. Eles ajudam uns aos outros costumeiramente. Cooperam, sabendo que, em caso de necessidade, serão ajudados também. Sua bondade não reflete apenas uns com os outros, mas também com o ambiente que os cercam. Totalmente herbívoros, acabaram entrando em total harmonia com as florestas em que vivem, as casas entre as raízes das árvores e a capacidade de falar naturalmente com os animais terrestres lhes conferem o título de guardiões da floresta.

Isso reflete de várias formas na estrutura social. Onde os mais velhos são respeitados, a sabedoria corre ligeiro. É muito fácil ser ingênuo e ter o coração puro ali. As poucas maças podres que eventualmente surgem acabam por repercutirem de forma violenta e criar, como uma espécie de vacina, os poucos soldados, guerreiros e vigilantes dentre os gnomos.

Agora, enquanto os vilões gnomos projetam uma sombra sinistra sobre a ilha, eles não se comparam com seus heróis. Quando um gnomo se volta em prol da harmonia e bondade, ai sim, histórias épicas são contadas sobre inteligência e coragem.

Ao se deparar com as outras raças, estes heróis entram em contato com reis e seus impostos, com masmorras e injustiça que ferem seu senso de dignidade. Acostumados com seu lar, poucos tirando estes heróis se aventuram em um lugar tão assustador e terrível quanto as terras dos homens. Este receio de corromper sua pequena sociedade e natureza que lhe envolve é tamanho que quase todos os Gnomos que aprenderam algo com seus pequenos vilões se fortalecessem e criassem um pequeno exército, sempre a postos para a defesa de suas florestas ancestrais.

Por Guthorn

Ghariens - O reino dos Dragões

Ghariens é uma ilha que fica ao sul de Lehfluin. A ilha tem o formato de um dragão em pleno voo. Talvez esse fato seja uma mera coincidência, ou talvez alguém tenha desejado assim. Por muito tempo pouco se soube da ilha, apesar da proximidade com o continente e ficar localizado próxima a rotas de navios mercantes. No entanto alguns aventureiros agora tem a ilha como um de seus lugares favoritos, outros a temem e não sem razão. Ghariens é habitada por dragões.

Dragão, eis uma palavra que pode fazer um cidadão comum tremer. No entanto não são todos os habitantes de Ghariens que possuem a crueldade como seu maior dom. A ilha abriga diversas espécies destes seres e é governada pelos mais velho dos dragões. A sucessão de poder ocorre desta maneira desde tempos imemoráveis. Alguns dragões se organizam em sociedades e convivem bem na ilha, outros não encontram condições climáticas favoráveis e preferem migrar para algum lugar em Ferius que lhe seja mais adequado. Ainda assim sempre retornam a ilha em duas ocasiões, o conselho anual e  quando o mais velho dos dragões morre, neste caso há uma cerimônia de passagem de poder. O dragão ancião que está no poder atualmente é Aryon, um dragão negro temido por muitos. Suas leis são menos brandas do que de governantes anteriores e não é difícil encontrar vilas devastadas por algum dragão que recebeu ordens de Aryon para isso.

Corajosos aventureiros se arriscam a invadir Ghariens atrás dos tão famosos tesouros dos dragões vermelhos, mas são poucos os que retornam. Outras pessoas procuram os sábios dragões atrás de informações valiosas e conselhos. Muitos dragões se disfarçam como humanoides para conhecer melhor os outros povos de Ferius. Soube-se de um dragão de ouro que disfarçado de clérigo de Vaya deixou canções lendárias de seus feitos, seu nome no entanto nunca foi revelado. Há também dragões que disfarçados habitam por um tempo o Solar dos Eruditos e cooperam muito com sua sabedoria. Mas há também aqueles que só pretendem usar seus disfarces para causar intrigas, guerras ou simplesmente pregar peças nos povos.
Mesmo não sendo para muitos um reino propriamente dito, existe em Ghariens leis antigas que nenhum dos governantes ousa quebrar. Não há cidades, cada dragão vive em um território específico da ilha e alguns em sociedade. Na ilha não há caos e destruição ao contrário do que ocorre no continente quando um dragão revoltado com atitudes de povos de Ferius, ou precisando de um pouco de ação, decide atacar.

Valorian

(Humano - Druida)

Valorian sempre se destacou dos demais jovens, ele detinha uma inteligência muito superior aos da sua idade, sempre se safando das enrascadas antes mesmo delas acontecerem.
Ao completar doze anos conheceu o mestre Joshua, que lhe propôs um desafio. Ele deveria entrar na floresta e só sair de lá quando escutasse as árvores, ou pudesse entender os sons dos animais. Valorian achou isso uma loucura, mas Joshua disse que se ele conseguisse o treinaria como um druida. Valorian não concordou muito com a ideia, mas seu grande sonho era poder sair pelo mundo em aventuras, mas seu físico não era dos melhores, então, se tornar um guerreiro não era uma opção. Decidiu então aceitar a oferta e foi junto com Joshua até a floresta dos Druidas. Chegando lá, Joshua se despediu e disse mais uma vez, só retorne quando você se tornar uno com a natureza.
Passaram-se 4 anos, e não tinha sinal de Valorian, alguns diziam que ele morreu, outros que apenas fugiu, mas Joshua negava e dizia que um dia ele iria retornar. No solstício do inverno para a surpresa de todos, Valorian retorna com um lobo o seguindo e afirmando que ele entendeu a natureza do teste, disse que muitas vezes pensou em desistir, mas seu coração e força de vontade foram maiores, e ele triunfou.
Joshua então perguntou: “Diga-me rapaz, conseguiu entender o significado de selvagem e a diferença entre esses dois mundos?”
E Valorian respondeu prontamente: “Sim, a natureza me tornou mais forte e consegui um amigo que foi fiel a mim desde o nascimento, selvageria não significa falta de cérebro. Posso afirmar sou um selvagem, mas mesmo assim ainda carrego minha educação e vontade humanas. Estou pronto mestre”. Joshua abriu um grande sorriso e disse que já era hora de começar o verdadeiro treinamento.
Passaram-se 4 anos de treinamento árduo, até que Valorian fosse intitulado Druida, não fora nada fácil, mas com Lupos ao seu lado, a transformação em lobo foi muito mais fácil, As outras transformações foram mais demoradas, mas Valorian conseguiu dominá-las.
Um dia Valorian estava meditando junto a uma árvore e Joshua se aproximou, e contou sobre certos viajantes que iriam defender o mundo do mal. Valorian ficou intrigado com a idéia e disse que queria ajudar, Joshua então encaminhou Valorian a um lago e o mandou mergulhar, sem pensar Valorian mergulhou e adormeceu. Em seu sonho viu a Grande Mãe, Deusa da natureza, que o contou sobre a situação do grupo, e de que precisavam da ajuda de um druida para poder defender o mundo do mal. Valorian concordou e a Grande Mãe, mesmo com um olhar triste , deu um breve sorriso e tudo ficou escuro novamente.
Até que ele magicamente acordou numa caverna cercado de aventureiros, eram eles o grupo que iria defender o mundo do mal, ele agradece a Deusa e com a ajuda dos outros tenta achar uma saída.

Por Vitor Fajin